O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo, segundo o Ministério da Saúde (MS). Nessa terça-feira, 29 de outubro, data considerada como o Dia Mundial do AVC, profissionais que fazem parte da Rede de Hospitais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) alertaram para os sinais, sintomas e ações de prevenção em relação à patologia.
O foco reside em prevenção, no socorro rápido e no tratamento para qualidade de vida de quem sofreu essa problemática. O neurologista Rodrigo Araújo, do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), explica que o AVC representa um comprometimento do sistema vascular do sistema nervoso central provocado pela interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro.
Rodrigo Araújo lembra que isso pode acontecer de duas formas: pela obstrução de uma artéria, o chamado AVC isquêmico; ou pelo rompimento, conhecido como AVC hemorrágico, o mais grave dos tipos. “As pessoas devem ficar atentas aos sinais do AVC, que são alterações súbitas na fala, fraqueza ou formigamento em algum membro do corpo, dificuldade de engolir, tontura, paralisia facial podendo deixar a boca torta”, alerta.
A partir do diagnóstico desses sintomas, são feitos exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, destaca o neurologista Francisco Antunes Dias, do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC). “Dentro do AVC isquêmico, responsável por 80% a 90% dos casos, cada minuto sem tratamento, sem desobstruir essa artéria, provoca uma perda de aproximadamente 2 milhões de neurônios. Quanto antes iniciar o tratamento, melhor a chance de não ter uma lesão cerebral extensa”, explica.
O tratamento varia de acordo com o subtipo e a avaliação criteriosa médica do paciente. Para o AVC isquêmico, em geral a conduta consiste na administração do medicamento trombolítico, em até quatro horas e meia após o início dos sintomas, para que o coágulo se desfaça ou, em casos em que há uma artéria de grande calibre obstruída, seja realizado o procedimento de trombectomia (extração mecânica do coágulo) dentro de até seis após o início dos sintomas. No caso do AVC hemorrágico, avalia-se o volume do sangramento para verificar o uso de tratamento clínico ou de cirurgia para drenagem.
Fatores de risco e reabilitação
Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial sistêmica, o diabetes mellitus, o colesterol alto, o sedentarismo, o tabagismo, o uso excessivo de álcool e, além disso, a prevenção de complicações de problemas cardíacos.
Uma dúvida frequente, segundo a neurologista Jullyanna Shinosaki, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), é se, após o AVC, há possibilidade de piora das sequelas. “Não esperamos que algo adquirido com o AVC, como uma dificuldade de falar e de movimentar de um lado do corpo, piore ao longo do tempo. Esperamos que isso se estabilize e melhore com a reabilitação”.
Tratamentos multiprofissionais, incluindo fisioterapia e fonoaudiologia, por exemplo, auxiliam nessa recuperação. Mas algumas outras situações podem acontecer dias, meses ou anos depois do AVC que podem ser percebidas como uma piora global, porque impactam na qualidade de vida geral, conforme relata Jullyanna.
A especialista cita como exemplos a ocorrência de distúrbios de movimento, rigidez excessiva de grupos musculares (espasticidade), epilepsia, depressão e o comprometimento cognitivo, cujo espectro vai de leve (dificuldades de atenção e memória, por exemplo) a quadros demenciais. “É importante que a família esteja atenta para levar esses problemas ao médico que acompanha o paciente e sejam definidas as melhores opções para levar qualidade de vida pós-AVC”, finaliza.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do SUS ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh