O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou no final de junho que o pior momento da inflação já passou. Apesar de ser uma boa notícia, os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que isso não significa que os preços vão cair e aliviar o bolso do brasileiro.
O que vai acontecer? Os preços já estão altos e vão continuar subindo, só que num ritmo mais lento. Algumas coisas até podem baixar de preço, mas o índice da inflação vai seguir aumentando.
Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria, afirma que os picos de inflação registrada em março e abril deste ano não devem acontecer de novo —a inflação foi de 1,62% em março e de 1,06% em abril. De acordo com o último dado oficial, a inflação de junho foi de 0,47% no mês e acumula alta de 11,89% nos últimos 12 meses.
O que muda na minha vida? Isso tudo não significa que o brasileiro vai estar em uma situação financeira confortável no curto prazo. Na prática, dizer que o pior momento da inflação já passou quer dizer que os preços não vão subir tanto.
Os preços continuam aumentando, mas, quando falamos que o pior da inflação já passou, estamos nos referindo à velocidade dos aumentos dos preços. Não vamos ter deflação no Brasil, afirma Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O que pode reduzir a inflação? Para os especialistas ouvidos pelo UOL, as mudanças em impostos adotadas pelo governo federal. como a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nos estados para os combustíveis, podem ajudar a reduzir a inflação no curto prazo.
A redução do imposto vale até o final deste ano, o que significa que no ano que vem os preços devem voltar a subir com o retorno dos impostos. O que pode piorar a inflação? O dólar pode se valorizar, e isso aumenta a inflação por causa de produtos importados consumidos diretamente pelas pessoas e de custos nas empresas que trabalham com matéria-prima de fora. O preço internacional do petróleo e outras e outras commodities (como alimentos) também pode atrapalhar. Mas por enquanto devemos perceber um alívio da inflação no segundo semestre, diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.
Algumas situações que fazem o dólar subir são a inflação global, a guerra entre Ucrânia e Rússia e os gastos públicos com liberação extra de verba do governo para auxílios sociais. Fonte Giuliana Saringer / Do UOL