Já era perto de meia-noite do último sábado, 24, véspera do Natal, quando um episódio de terror se iniciava para os pais Júnior e Maria Bárbara. O filho, de apenas quatro anos, brincava na rua da residência com outras crianças, na cidade de Itabaiana, no Agreste de Sergipe, quando foi surpreendido por um ataque de pitbull. O animal aproveitou que o tutor, um vizinho da mesma rua, deixou o portão da casa aberto, fugiu e atacou a criança – provocando ferimentos graves.
O ataque só foi cessado após a intervenção de sete pessoas para afastar o cão da criança. Ainda bastante abalado, o pai da criança relatou as consequências do ataque. “Meu filho teve o rosto desfigurado, a orelha dele tava caída, o pescoço cortado. O rosto, perna e peito furado. Foi um massacre. Ele atacou meu filho pela cabeça. Me senti impotente, era difícil de acreditar”, narra Júnior, que logo após o ataque do cão, levou o filho para o Hospital de Urgência Governador João Alves Filho (Huse) em Aracaju.
A última nota do hospital diz que a criança segue em estado “grave, porém estável”, com quadro de intubação e sedação no centro cirúrgico. A criança segue aos cuidados da cirurgia plástica, sem droga vasoativa.
Durante entrevista ao Jornal da Fan, na manhã desta segunda-feira, 26, os pais da criança afirmaram que há três meses, outra criança já havia sido atacada pelo mesmo cão. “Ele (dono do cão) morava na rua de trás, e aí da mesma forma, o cachorro atacou outra criança e deixou o rosto desfigurado também. E então eles se mudaram para a minha rua. Todos aqui já sabiam desse ataque, só eu e meu marido que não sabíamos. Não tem como dizer que não foi premeditado. Você conhece a rua, ouve barulho de crianças brincando, um ambiente familiar, e você abre o portão com um monstro desse em casa? Isso é premeditado. Esse monstro pegou meu filho de quatro anos e deixou assim, intubado, sedado, no hospital”, lamenta Maria Bárbara.
Ela lembra que o filho estava empolgado para a data Natalina e se emociona. “Meu filho tava tão feliz. Ele só queria comer o peru dele de natal. O peru está aqui, ninguém teve coragem de comer. E enquanto meu filho está nessa situação, esse rapaz tá por aí, a solta, na vida boa. Destruiu a vida do meu filho, da outra garota que foi vítima também. É o pior Natal da minha vida. Só queria meu filho aqui comigo. Eu não posso ficar com ele. Tô me sentindo impotente”, desaba a mãe.
De acordo com o pai do garoto, a cirurgia plástica reconstruiu o rosto do garoto, mas ainda há um quadro de inchaço grande. Ele conta que já foi prestado o boletim de ocorrência e cobra justiça. A mãe reitera o pedido e critica a postura dos tutores do animal. “Eles nem olharam no olho do meu filho. Só entraram e se esconderam. Não tiveram compaixão. Até hoje não tem uma ligação para perguntar: como está seu filho? Tá precisando de algo? Simplesmente fugiram, como se meu filho não fosse ninguém”, conta.
O porta-voz da Secretaria de Estado da Segurança Pública, Lucas Rosário, afirmou que o caso está sendo investigado, com o auxílio de câmeras de segurança, com narrativas de cada uma das testemunhas e tentativa de localização do tutor do animal. Por Fanf1